Pessoas que acreditam poder conquistar qualquer um ou qualquer coisa. Definem sucesso como vencer obstáculos impossíveis, resolver problemas insolúveis, vencer os oponentes mais ferrenhos. Na medida em que progridem procuram desafios cada vez mais difíceis.
Para alguns aparece sob a forma de procurar trabalhos nos quais ele é colocado frente a problemas cada vez mais maiores. Para outros o desafio é colocado em termos de competitividade interpessoal. Geralmente procuram trabalhos nos quais podem se sentir sempre testados, na ausência deste teste constante, sente-se aborrecidos e desmotivados
Tem havido sempre um grupo de pessoas que definiu suas âncoras em termos de superar probabilidades impossíveis, revolver problemas insolúveis e vencer competidores. Segundo Schein (1996), este grupo está crescendo em número, mas não está claro se mais pessoas estão ingressando na força de trabalho com esta predisposição ou se é uma adaptação para desafios crescentes que o mundo está apresentando.
Pessoas que consideram a carreira menos importante e que esta deve estar integrada num estilo de vida. É principalmente voltada a encontrar uma maneira de integrar as necessidades individuais, familiares e da carreira, para isto a pessoa quer flexibilidade mais do que qualquer outra coisa.
A pessoa olha mais para a atitude da empresa do que para o seu programa de trabalho propriamente dito, uma atitude que reflete respeito pela vida pessoal e familiar e que permite uma negociação genuína do contrato psicológico possível.
Estilo de Vida é a âncora que tem mostrado as maiores mudanças desde sua pesquisa original, nos anos de 1960 e 1970. O progresso e a posição organizacional estão cada vez mais definidos em termos do que as pessoas conhecem e quais habilidades as pessoas possuem, e são baseados cada vez menos em tempo de serviço, hierarquia e lealdade. Para manter seus melhores empregados, as organizações devem, portanto, estar aptas para desafiá-los e então satisfazer suas necessidades.
Ao fazer uma análise sobre mudanças e estruturas das âncoras de carreira para o século XXI, Schein (1996) argumenta que cada categoria de âncora ainda atrai um conjunto de pessoas, mas que o funcionamento de uma dada âncora pode tornar-se problemática à medida que o mundo e a estrutura organizacional tornam-se mais turbulentos. O principal efeito é que as pessoas terão que se tornar mais autoconfiantes e descobrirem onde suas âncoras melhor se encaixam dentro de uma estrutura ocupacional emergente. A habilidade para analisar a si mesmo, bem como a habilidade de descobrir que tipo de trabalho está disponível e como esse trabalho evoluirá, torna-se uma habilidade crucial.
Pessoas que se sentem muito motivadas no exercício de seus talentos e na satisfação de saberem que são “experts”. Pode acontecer com qualquer tipo de serviço, desde o engenheiro, analista econômico até o professor.
Esta âncora leva a pessoa a buscar especialização, desvalorizando assim o que é geral e superficial. Embora muitas pessoas comecem a especializarem-se, apenas algumas encontram satisfação intrínseca neste fato, fazendo com que ela desenvolva esta âncora em especial.
O tipo de trabalho deve estar relacionado com testar suas habilidades e competências, se isto não ocorre o trabalho logo se torna desinteressante. Sua autoestima está ligada ao exercício de seus talentos por isto necessita tarefas onde possa exercê-lo. Este tipo de pessoa está mais ligado ao conteúdo de seu trabalho.
Schein (1996) acredita que o grupo ancorado na Competência Técnico funcional está consciente que conhecimento e habilidade tornam-se obsoletos em um mundo tecnológico que muda dinamicamente, não encontrando por parte da empresa a garantia de educação e retreinamento continuado. O mundo necessitará constantemente de artífices e peritos em funções específicas diante da complexidade tecnológica, mas permanecer tecnologicamente/funcionalmente competente exigirá constante atualização e reaprendizagem no mundo organizacional, que não agüentará os custos em termos de tempo e dinheiro destes processos de atualização. Poderá haver uma aceleração dos processos de demissão de pessoas obsoletas e a substituição delas por talentos mais jovens e atualizados. Os indivíduos ocupantes de carreira terão que planejar e fazer orçamentos para sua própria aprendizagem, ou as organizações privadas e públicas assumirão a responsabilidade, porque, em última análise, trará vantagens para suas organizações.
A pessoa percebe que realmente quer se tornar uma administradora, a gerência lhe interessa, pois avalia que tem o nível de competência requerida para a função, tem ambição para subir na hierarquia da organização onde será responsável por decisões e planos mais importantes e que seu próprio esforço será responsável pelo sucesso ou fracasso.
As pessoas desta âncora reconhecem que devem ter conhecimentos em muitas áreas diferentes. Os valores e motivações estão ligados aos altos graus de responsabilidade, oportunidades de liderança e alto rendimento. Suas competências devem ser: habilidade de identificar, analisar, sintetizar e resolver problemas sob condições de informação incompleta ou incerta.
É comum serem vistos como “tomadores de decisão”, o que quer dizer que seriam capazes de identificar e colocar os problemas para que as decisões possam ser tomadas. Têm também habilidades para influenciar, supervisionar, dirigir, ajudar e controlar as pessoas em todos os níveis da organização a fim de atingir os objetivos da empresa. O tipo de trabalho que mais os motiva está ligado à responsabilidade, desafio, trabalho variado e integrativo, liderança de oportunidades para contribuir para o sucesso de sua organização.
Segundo Schein, a necessidade de administração crescerá e será estendida para os níveis mais baixos na administração, reduzindo o controle centralizado, que está sendo horizontalizado e replanejado em função das equipes de projeto. As habilidades da administração geral, isto é, competência analítica e interpessoal, serão, portanto, necessárias em todos os níveis da organização. Administradores de equipes, administradores de projetos e administradores de programas, além de suas habilidades técnicas, terão que desenvolver habilidades de administração geral e liderança.
Pessoas que percebem que não podem se sentir dependentes de outra pessoa em relação a regras, procedimentos, horário de trabalho, códigos de vestimenta, e outras normas que estão invariavelmente presentes na maioria das organizações. Estas pessoas têm necessidade de fazerem as coisas “do seu jeito”, no seu próprio passo e de acordo com seus padrões pessoais. Eles acham a vida na organização muito restritiva, irracional e intrusiva em sua vida privada, por isto preferem seguir a sua carreira mais independente. Geralmente escolhem profissões autônomas.
O tipo de trabalho está ligado ao contrato por projetos definidos, sendo em tempo parcial, total, ou temporário. Este tipo de pessoa gosta de trabalhar com objetivos definidos, e depois de clarificados, quer ser deixada livre para trabalhar.
Quanto à Autonomia/Independência, Schein (1996) considera que os indivíduos nela ancorados acham o mundo ocupacional um lugar fácil para navegar, pois esta âncora está alinhada, pelo menos até o presente, com políticas organizacionais, prometendo apenas empregabilidade. A autoconfiança, que pode ser necessidade no futuro, já é parte do preparo psicológico deste grupo de pessoas. Segundo Schein (1996), quando as pessoas envelhecem, cresce sua necessidade de autonomia, levando a fantasias de abrir seus próprios negócios, de tornar-se consultores, trabalhar meio-período, e, de certa maneira, procuram reduzir a dependência de alguma organização ou trabalho particular.
Os membros deste grupo, que já têm construído suas carreiras autônomas, estarão bem adaptados para o futuro, mas aqueles que dependem de trabalhos seguros e planejam desligar-se da organização podem ser altamente vulneráveis com a atual reestruturação do mercado de trabalho, muito embora sua âncora esteja alinhada com futuras opções.
Pessoas que organizam suas carreiras para se sentirem estáveis e seguras, permitindo assim que os futuros eventos sejam previsíveis e possam assim relaxar e prever o seu sucesso. Geralmente estão ligados a empregos do governo ou exército, pois estes garantem estabilidade. Muitas vezes são percebidos como “sem ambições” e podem ser rejeitados em culturas que valorizam a ambição.
Os mais talentosos deste grupo atingem níveis maiores na hierarquia da organização. Os que têm talentos inusuais, se satisfazem de encontrar um hobby onde possam realizá-los. Preferem um tipo de trabalho mais ligado ao contexto do que a natureza do trabalho propriamente dita. Preferem ser reconhecidos por sua fidelidade, desempenho correto que vão lhe assegurar mais estabilidade futura.
Indivíduos ancorados em Segurança/Estabilidade experimentam os mais severos problemas, porque a mudança das políticas organizacionais de “garantia no emprego” passou para a obtenção de “segurança/empregabilidade”.
Isso significa que o ocupante de carreira ancorado em segurança/estabilidade tem que mudar o foco de dependência da organização para dependência de si mesmo. Essa mudança implica afirmar que a única coisa que o ocupante de carreira pode realmente esperar de uma organização é a oportunidade de aprender a ganhar experiência, a qual, presumivelmente, faz dele mais empregável em outra organização.
Pessoas que se sentem motivadas para criar negócios próprios através do desenvolvimento de novos produtos e serviços, ou pela construção de novas organizações financeiras ou ainda recriando negócios já existentes e adaptando-os às suas especificidades. Não são somente os inventores e os artistas, nem pesquisadores criativos, analistas de mercado ou executivos de publicidade.
Neste grupo a criatividade surge como uma necessidade de criar novas organizações, produtos ou serviços que podem ser identificados com os próprios esforços do empresário que irá sobreviver por si mesmo, e que terá sucesso econômico. “Fazer dinheiro” é a sua medida de sucesso. Geralmente são pessoas que tem sonhos de ter seu próprio negócio desde a infância, tendo mesmo iniciado pequenas empresas “fazedoras de dinheiro” já na adolescência. A diferença daqueles que querem independência e autonomia é que os empresários são obstinados por criarem a sua própria empresa, que muitas vezes deve sacrificar a autonomia e a estabilidade antes de ter o sucesso esperado.
O tipo de trabalho está ligado às necessidades de criar, em suas próprias empresas, eles continuam a criar novos produtos e serviços ou eles perderão o interesse, vendendo suas empresas e começando outra nova. O reconhecimento que esperam é estabelecerem uma grande fortuna e uma empresa considerável .
À medida que o mundo se torna mais dinâmico e complexo, as oportunidades para indivíduos com a âncora Criatividade Empresarial crescerão rapidamente. A necessidade por novos produtos e serviços, derivados de tecnologias da informação e biotecnologia, bem como a abertura de espaços para novas tecnologias, dará grande mobilidade para o empresário, que se deslocará para qualquer parte do mundo ao encontro de um lugar mais hospitaleiro para suas idéias.
A Criatividade Empresarial é a principal fonte de novos trabalhos para os outros grupos de âncoras, necessitando para tanto de um ambiente econômico, político e cultural amigável e encorajador, que incentive novos projetos e valorize o potencial dos acadêmicos e pesquisadores das universidades.
Pessoas que procuram ocupações a fim de incorporarem no trabalho valores importantes para si, mais do que seus talentos ou área de competência. Suas decisões de carreira são feitas baseadas no desejo de fazer alguma coisa para melhorar o mundo de alguma maneira.
As profissões de ajuda como medicina, enfermagem, serviço social, educação são tipicamente carreiras desta âncora onde predominam valores como: trabalhar com as pessoas, servir a humanidade, ajudar a nação. Geralmente o tipo de trabalho deve permitir influenciar sua organização ou o planejamento social na direção de seus valores. O dinheiro não é importante e o que buscam como recompensa é atingir posições com maior influencia para poder operar com mais autonomia na realização de sua causa.
O número de pessoas que aparecem com esta âncora está crescendo. Tanto pessoas jovens como pessoas de meia-idade relatam que estão sentindo a necessidade não só de manter um rendimento adequado, mas de fazer alguma coisa mais significativa num contexto mais amplo.
Novos tipos de organizações e carreiras estão sendo criados para se dedicarem a questões que preencham as lacunas entre mundo desenvolvido e subdesenvolvido, como: problemas de raça e religião, segurança de produtos, privacidade, superpopulação, saúde, bem-estar, etc.