

Maio chegou e com ele o Dia do Trabalhador — uma oportunidade para refletirmos sobre o valor do trabalho que realizamos com as mãos, com o coração e com propósito. Mais do que uma data simbólica, é um chamado para repensarmos como a forma de liderar impacta diretamente o que cultivamos nas pessoas e nas organizações.
E se liderar fosse como cultivar uma floresta?

No último 7 de abril, vivi uma experiência marcante no encontro Economia ao Natural, promovido por um instituto que entrelaça humanidade, natureza e economia com sentido. Entre vivências artísticas e reflexões profundas, um dos pontos altos foi a dramatização do livro Código da Nobreza, de Roberto Tranjan.
No Dossiê #167 da HSM Management, o livro também é citado como referência para o futuro da liderança nas organizações.
A fábula apresenta dois jovens, Hanna e Gael, convidados por um narrador a refletirem sobre sua identidade e seus valores. A metáfora da árvore conduz toda a narrativa — símbolo poderoso para um tempo que clama por regeneração.
“Você está mais para jacarandá ou pinus?”, pergunta o narrador.
“Quem sou eu?” e “Quando sou eu?” — são as duas perguntas que abrem o caminho da nobreza.
Assim como as árvores, também nós temos raízes invisíveis (valores) e copas visíveis (comportamentos e atitudes). Algumas árvores são utilitárias. Outras inspiradoras. Algumas apenas sobrevivem. Outras sustentam, acolhem, protegem.
Esse símbolo me lembrou do livro A Vida Secreta das Árvores, da cientista florestal Suzanne Simard, que comprovou o que a sabedoria ancestral sempre soube: as árvores se comunicam, compartilham nutrientes e protegem umas às outras por meio de redes subterrâneas de micélios.
Essa inteligência coletiva e silenciosa da floresta também existe entre nós, humanos.
Liderar jovens é cultivar florestas

Tenho refletido muito sobre os desafios de liderar a geração Z. Em vez de insistirmos no discurso da “falta de resiliência”, talvez o verdadeiro convite seja:
Estamos genuinamente interessados neles?
Em tempos em que cresce o número de líderes que afirmam estar “desistindo” de ter jovens em seus times, e em que os debates sobre saúde mental se tornaram parte das conversas estratégicas nas organizações, regenerar é oferecer presença, escuta e um novo pacto de confiança.
Liderança regenerativa é mais do que empatia.
É estratégia — e uma resposta alinhada aos princípios de ESG, à sustentabilidade humana e à necessidade de vínculos mais conscientes no ambiente de trabalho.
Líderes que regeneram são aqueles que:
- Cultivam curiosidade, em vez de julgamento
- Nutrem presença, em vez de controle
- Falam do essencial, em vez do superficial
São líderes que reconhecem suas raízes profundas e estão dispostos a inspirar novas “árvores” a crescerem com autenticidade, beleza e verdade.
Se você é líder e quer começar a regenerar agora as relações e promover mais resultados, experimente:
• Fazer uma roda de conversa rápida com seu time sobre:
“O que tem raízes na nossa cultura ou prática?”
• Perguntar:
“Que valores podemos nutrir nesta semana para potencializar nosso time?”
Liderança regenerativa não é uma utopia — é uma estratégia de sustentabilidade organizacional em tempos de excesso de ansiedade, falta de sentido e dificuldade em reter talentos.

Se você também sente o chamado para cultivar essa floresta — que começa dentro e se expande nas relações — estamos na mesma trilha.
Feliz Dia do Trabalhador!
Com propósito e presença,
Ana Lícia Reis, Mentora de carreira e liderança.
