Liderança Inspiradora: Como Acompanhar sem Controlar (E Construir Confiança)

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Alguma vez, ao acompanhar as atividades da sua equipe, você já sentiu que passou a impressão de ser um líder controlador? Será que tem conseguido demonstrar interesse genuíno pelas pessoas e atenção aos resultados sem parecer que está vigiando ou pressionando? E você, líder, já se sentiu “vigiado” pelo seu gestor ou acredita que isso faz parte da cultura organizacional?

Matéria Revista Exame - 18 de fevereiro de 2025 .

Recentemente, li um artigo na revista EXAME que me chamou atenção. Segundo uma análise da ExpressVPN, 73% dos empregadores utilizam e-mails, gravações de chamadas ou outros sistemas de monitoramento para avaliar o desempenho de seus funcionários de forma ativa. Além disso, a demanda por softwares de vigilância no ambiente de trabalho cresceu 54% entre março de 2020 e junho de 2023.

Esses dados evidenciam a crescente preocupação das empresas com prazos, qualidade das entregas e o equilíbrio entre carga de trabalho e desempenho real dos times. No trabalho remoto, esse desafio se intensificou: muitas organizações, sem uma cultura de confiança consolidada, recorreram a ferramentas de monitoramento para tentar garantir produtividade. Mas até que ponto essa vigilância ajuda ou prejudica os resultados?

Vivemos em uma era em que a tecnologia permite um monitoramento detalhado do comportamento dos colaboradores. E como isso impacta a produtividade e o engajamento?

Controle x Confiança: Onde Está o Equilíbrio?

O problema central está na desconexão entre propósito e resultados. Quando um profissional percebe que sua performance é avaliada apenas por números, sem um acompanhamento genuíno sobre o impacto do seu trabalho, a confiança na organização tende a diminuir.

A resposta positiva frente a essas quatro perguntas-chave nos faz sentir engajados:

1️⃣ Qual a visão ou para onde estamos indo?

2️⃣ O que será feito para chegarmos lá?

3️⃣ Qual minha participação e importância nessa jornada?

4️⃣ Qual o impacto dessa conquista no negócio e para nós?

Por isso, líderes, será que seu time – e você mesmo – consegue responder a essas perguntas com clareza e de forma positiva?

Um estudo publicado no The Times mostra que o monitoramento excessivo pode gerar estresse e queda na produtividade, pois os funcionários se sentem constantemente sob pressão, o que prejudica a criatividade e a inovação.

Mas, observo que a falta de parâmetros e acompanhamento também é prejudicial.

A liderança baseada na vigilância muitas vezes leva ao que estão chamando de “gestor espião”, aquele que foca excessivamente no controle em vez de inspirar e orientar. Essa postura pode resultar em um ambiente de medo, infantilização dos profissionais e desmotivação.

Transparência Radical: Caminho Para a Confiança ou Outra Forma de Vigilância?

Tive a oportunidade de participar de uma aula no IESE Business School, onde foi abordado o tema transparência radical. O case discutido foi a experiência de Ray Dalio na Bridgewater Associates, onde a cultura organizacional incentiva que qualquer colaborador possa questionar e dar feedback a qualquer pessoa na empresa, inclusive ao CEO.

Além disso, as reuniões são gravadas e a performance avaliada com uso de softwares baseados em dados concretos. A ideia central é eliminar subjetividades e garantir que as avaliações sejam feitas com base em evidências reais.

Esse nível de transparência pode gerar benefícios, como maior clareza nas decisões e redução de jogos políticos dentro da empresa. No entanto, também pode criar desafios: será que a exposição constante de opiniões e decisões pode inibir a espontaneidade e a criatividade, ou mesmo uma competitividade velada?

De acordo com a pesquisa “O que Torna a Liderança Eficaz em Equipes Ágeis de Desenvolvimento de Software?”, de Lucas Gren e Paul Ralph, publicada no arXiv, times de alta performance operam melhor quando têm clareza de objetivos, mas também possuem autonomia para definir os meios de alcançá-los.

E trabalhando com o desenvolvimento desses times em várias empresas, percebo que o verdadeiro impacto da liderança está na capacidade de criar um ambiente onde os colaboradores se sintam parte da estratégia da empresa e possam exercer uma liderança compartilhada, onde ele tenha voz e também conhecimento da linha d’água, até onde vai sua liberdade.

Acordos Claros e Feedback Contínuo: O Caminho Para o Engajamento

Na minha visão, a chave para equilibrar controle e autonomia dentro dos times não está na vigilância ou na transparência extrema, mas sim na clareza dos acordos e combinados.

Ter um acompanhamento estruturado, com reuniões periódicas, métricas bem alinhadas e espaços de diálogo, permite que os times sintam segurança em relação às suas entregas e desenvolvimento. Quando um time sabe o que é esperado e como será avaliado, o engajamento acontece sem a necessidade de controle excessivo.

O verdadeiro papel da liderança não é vigiar, mas inspirar, alinhar expectativas e criar um ambiente de corresponsabilidade. Para isso, é fundamental que o time tenha acordos claros, garantindo que:

✔ O que será monitorado e por quê. A transparência sobre os critérios de avaliação gera segurança e evita desgaste desnecessário.

✔ Como o desempenho será avaliado. Ter métricas bem definidas permite que os colaboradores saibam como podem se aprimorar.

✔ Quais serão os momentos de acompanhamento e feedback. Check-ins estruturados evitam microgestão e permitem ajustes sem gerar pressão constante.

✔ Quais são os espaços para diálogo e melhoria contínua. Oportunidades de aprendizado e troca fortalecem o compromisso com os resultados.

✔ As quatro perguntas engajadoras são respondidas. Quando a equipe entende visão, caminho, papel e impacto, o engajamento cresce naturalmente.

Por exemplo, um gestor pode definir reuniões quinzenais de alinhamento, onde a equipe revisa suas entregas e desafios juntos, ao invés de depender apenas de métricas de produtividade. Dessa forma, cria-se um ambiente onde o acompanhamento não é visto como vigilância, mas como um suporte para o crescimento e desenvolvimento da equipe.

Gestores que equilibram controle e autonomia, com direcionadores claros e check-ins estratégicos, constroem times mais motivados e produtivos.

RHs e Líderes: Como Construir Confiança sem Perder Performance?

Líderes e RHs desempenham um papel fundamental na criação de uma cultura organizacional baseada na confiança. Algumas ações que podem fortalecer esse equilíbrio incluem:

➡ Criar rituais de alinhamento e feedback contínuo.

➡ Garantir que métricas sejam claras e alinhadas ao propósito do time.

➡ Investir no desenvolvimento da autonomia dos colaboradores.

➡ Construir um ambiente onde erros se tornem aprendizados.

➡ Manter um canal aberto para escuta e diálogo sobre as formas de acompanhamento e desenvolvimento dos times.

O futuro do trabalho não está na vigilância, mas na capacidade dos líderes em cultivar uma cultura de confiança, propósito e desenvolvimento contínuo, onde cada colaborador se sinta parte da estratégia organizacional.

📩 E você, sente que faz uma boa gestão do desempenho do seu time? Sua empresa promove um ambiente de transparência e confiança?

➡ Como você tem equilibrado controle e autonomia na sua liderança? Compartilhe sua experiência nos comentários!

 

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